Distúrbios respiratórios do sono

O sono é um processo fisiológico ativo, onde muitas funções orgânicas acontecem e são fundamentais para o bom funcionamento do organismo. Dormir bem é fundamental para a saúde fisica e mental. Durante o sono, e principalmente pelo relaxamento muscular consequente, o organismo torna-se vulnerável à ocorrência de distúrbios respiratórios característicos que podem comprometer a passagem de ar pelas vias aéreas ou a concentração de gases sanguíneos, resultantes do estreitamento da via aérea ou da ineficiência do centro ventilatório. Os Distúrbios Respiratórios do Sono (DRS) são categorizados, pela Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono, em Ronco, Apnéia Obstrutiva do Sono (AOS), Apneia Central do Sono e Hipoventilação relacionada ao Sono. Dentre esses, os distúrbios obstrutivos são os mais comuns e com alta prevalência na população em geral.

  A Apnéia Obstrutiva do Sono é um distúrbio crônico, altamente prevalente, caracterizado pelo estreitamento ou obstrução da faringe durante o sono. Desta forma, há interrupção recorrente da respiração, devido à obstrução mecânica parcial ou completa das vias aéreas superiores. Como consequencia dessas paradas respiratórias, acontece hipóxia intermitente; prejudicando assim, a arquitetura do sono, a ventilação e as trocas gasosas noturnas. Essa condição está associada principalmente a efeitos deletérios nas funções cardiovasculares, metabólicas e neurocognitivas.  Podem ser observados sinais e sintomas comuns como o ronco, a sonolência diurna, fadiga, cefaléia matinal, irritabilidade, redução da produtividade e perda de memória.

Apesar de altamente prevalente, a Apneia Obstrutiva do Sono ainda é bastante subdiagnosticada.  A gravidade da AOS é classificada de acordo com a quantidade de eventos por hora de sono. Sendo assim, um distúrbio é considerado leve se tiver de 5 a 15 eventos por hora de sono, e grave, se houver mais de 30 eventos por hora de sono.

  Para o tratamento desse distúrbio, principalmente nos casos mais severos ou que tenham comorbidadess associadas, o CPAP – dispositivo que fornece pressão contínua – é considerado padrão ouro e garante a patência das vias aéreas, possibilitando a passagem do ar pela faringe, durante o sono. Para um bom resultado terapeutico é necessária a adaptação e adesão do paciente a esse dispositivo e a interface (máscara) e, nesse processo, o fisioterapeuta respiratório é peça fundamental.

O fisioterapeuta desta área acompanha a adaptação ao uso de terapia pressórica CPAP ou binível, realiza os ajustes de interfaces e  equipamentos e monitora a adesão ao tratamento, intervindo sempre que necessário para o conforto e bem-estar do paciente. Além de poder estabelecer programas de exercícios específicos para cada caso, considerando a individualidade de cada paciente  e a associação da AOS com outras patologias. A atuação neste segmento demanda bons conhecimentos da fisiologia e fisiopatologia respiratória, além de fundamentos importantes de medicina do sono, que incluem não apenas os distúrbios respiratórios, mas também, os distúrbios comportamentais do sono.

Um acompanhamento adequado é fundamental para resultados terapeuticos satisfatórios.

Por Dra. Raquel Soares

Fontes:

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